Saiba o que é um BDR e quais são as alternativas para colocar ativos internacionais em sua carteira de investimentos
Um investidor que busca montar uma estratégia de sucesso nos investimentos sempre procura mecanismos para diminuir os riscos da carteira. Entre esses está a diversificação geográfica de ativos.
A necessidade de investir em ativos globais já é de conhecimento dos investidores. O que muitos não sabem, no entanto, é como realizar isso de forma efetiva. Existe a possibilidade de investir por meio de BDR e também investir no exterior diretamente.
Você ainda fica com dúvidas em relação aos nomes, termos técnicos e qual a melhor estratégia a tomar para investir em ativos globais?
Se esse é o seu caso, pode se tranquilizar! Neste artigo vamos te explicar com mais detalhes sobre BDRs, como investir diretamente no exterior e tudo o que você precisa saber para ficar por dentro desse tema fundamental na composição da sua carteira de investimentos.
Confira e absorva todas as informações para tomar a melhor decisão para os seus investimentos!
BDR: o que é?
Para explicar os detalhes sobre todas as opções para investir no exterior, é importante, antes de mais nada, esclarecer o que é o BDR.
BDR (Brazilian Depositary Receipt) é um título lastreado em ações de uma empresa global e que são vendidos na bolsa de valores brasileiras. Em outras palavras mais simples, são ativos que replicam o desempenho de ações de países do exterior.
Vale ressaltar que não se trata exatamente de ações internacionais, pois são ativos negociados na bolsa do Brasil e em moeda brasileira. Contudo, o desempenho do BDR e a variação da cotação acompanharão esses ativos do exterior, além da variação da taxa de câmbio entre o dólar e o real.
Atualmente, existem mais de 600 BDRs listados na B3. Alguns dos exemplos mais conhecidos são AAPL34 (Apple) FBOK34 (Facebook), GOGL34 (Google) e NFLX34 (Netflix).
Vantagens e desvantagens de investir por meio de BDR
Assim como adiantamos acima, investir por meio de BDR apresenta vantagens e desvantagens para quem deseja optar por essa modalidade. Confira o que considerar antes de investir.
Vantagens
1 – Investimento facilitado: já que o BDR é negociado na bolsa brasileira, basta abrir o Home Broker da sua corretora para comprar o ativo. Portanto, é muito mais simples, já que não há a necessidade de abrir uma conta em uma corretora global para poder investir.
2 – Ausência de custos para transferir dinheiro: outra facilidade de negociar os ativos por meio da sua corretora no Brasil é que não há custos de transferências para o seu capital, diferentemente do que acontece quando é preciso enviar dinheiro para o exterior.
3 – Simplicidade na declaração do imposto de renda: em virtude de ser um ativo negociado no Brasil, o BDR é mais fácil de ser declarado no Imposto de Renda. Desse modo, você ganha tempo e dinheiro no momento de declarar o seu IR.
4 – Diversificação de forma fácil: já que o BDR tem seus rendimentos e valorização atrelados aos ativos internacionais, você consegue uma diversificação com ativos atrelados ao dólar de forma mais simples, se protegendo em uma possível crise na economia brasileira.
Desvantagens
1 – Menor número de ativos disponíveis: a bolsa de valores brasileira já possui cerca de 600 BDRs registrados e negociados. Investindo diretamente no exterior, no entanto, é possível encontrar mais de 5.000 ativos, o que amplia e muito as opções.
2 – Retenção de 5% de taxa: o BDR tem uma especificidade em relação aos proventos. Além da tributação de 15% sobre os dividendos, que é uma das regras do mercado financeiro norte-americano, as instituições emissoras dos BDRs ainda cobram uma taxa extra de 5% do total dos proventos enviados pela empresa.
3 – Não há isenção de imposto para venda: ao investir diretamente nos Estados Unidos, há uma isenção de até 35 mil reais na venda dos ativos. Entretanto, com os BDR,s independentemente do valor que você investir, é necessário pagar 15% de imposto sobre os lucros quando a cota é negociada.
4 – Liquidez baixa: por serem produtos relativamente novos, alguns BDRs não possuem grande liquidez de negociação. Portanto, é possível que haja mais dificuldade para se desfazer das cotas em caso de necessidade, principalmente se o valor negociado for alto.
5 – O dinheiro ainda está no Brasil e você não vira sócio da empresa: para quem realmente quer mitigar o risco geográfico, o BDR não é a melhor opção, já que o seu dinheiro, mesmo que lastreado em ativos dolarizados, ainda está dentro do Brasil.
Além disso, é importante ressaltar que você não se torna sócio das empresas ao investir em território brasileiro, já que se trata de títulos atrelados aos ativos e não ações propriamente ditas.
Vantagens e desvantagens de investir diretamente no exterior
Outra forma de investir em ativos internacionais é fazendo isso diretamente, ou seja, abrindo uma conta em uma corretora ou banco no exterior.
Os investidores, em grande maioria, preferem investir nos Estados Unidos, já que é um país que possui o mercado de ações mais desenvolvido do mundo. Dessa maneira, encontra-se mais opções para diversificação e mais oferta de serviços para investidores estrangeiros. É possível, no entanto, alocar o capital para outros países do exterior.
O investimento direto no exterior também apresenta pontos positivos e negativos. Confira abaixo alguns deles:
Vantagens
1 – Maior variedade de ativos (stocks, REITs e ETFs): a grande vantagem de investir diretamente no exterior é a ampla variedade de ativos em contraste com as poucas opções de BDRs no Brasil.
Somente nas bolsas norte-americanas existem mais de 5.000 ativos. Entre eles, por exemplo, stocks (ações), REITs (que equivalem aos fundos imobiliários) e diversos ETFs (uma cesta de diferentes ativos). O mercado norte-americano é muito mais desenvolvido, o que pode contribuir para uma diversificação ainda maior de opções e modalidades de investimentos que só são encontradas por lá.
2 – Isenção em até R$35 mil em vendas: uma outra particularidade positiva da bolsa americana é que há isenção de imposto de renda sobre vendas de ativos de até R$35 mil por mês. Dessa forma, o investidor consegue resgatar todo o lucro obtido com determinada aplicação financeira.
3 – Diversificação geográfica: ao investir diretamente no exterior, você está tirando dinheiro do Brasil. Portanto, você se protege do risco país. Com isso, caso haja algum problema inesperado na economia ou política brasileira, você tem parte do patrimônio em outra nação.
4 – Liquidez: ao investir diretamente nas bolsas internacionais, você garante liquidez aos seus ativos. Com a grande movimentação financeira que mercados desenvolvidos possuem, a maioria dos ativos são negociados sem grandes problemas.
5 – Não há taxa extra sobre dividendos: diferentemente de como acontece com o BDR, os dividendos das stocks são taxados apenas uma vez, e não duplamente. Com isso, é possível potencializar o retorno da carteira.
Desvantagens
1 – Imposto sobre herança acima de 60 mil dólares: os Estados Unidos possuem uma tributação considerável sobre heranças para quem possui mais de 60 mil dólares de patrimônio. Se você vier a falecer, sua família estará sujeita a uma tributação que varia de 18% a 40%.
2 – Custos e burocracia para mandar dinheiro para fora: para mandar o dinheiro para o exterior, você terá que ter uma conta em uma corretora estrangeira e fazer remessas de dinheiro para fora.
Além disso, há a necessidade de pagar impostos, como o IOF de 1,1% do valor transferido. Portanto, os custos e a burocracia são pontos a considerar.
3 – Maior complexidade na declaração do IR: ao investir no exterior, a declaração dos ativos e movimentações na declaração anual de Imposto de Renda é um pouco mais complexa. Portanto, prepare-se para estudar bem as regras ou contratar um profissional para te ajudar com esse processo.
Então, qual é a melhor opção? BDR ou investir no exterior?
A resposta é que depende das suas preferências. Quer mais facilidade e praticidade para comprar ativos atrelados ao dólar? O BDR pode ser uma boa opção. Quer ter diversificação geográfica e mais opções de ativos para investir? Então é melhor investir no exterior.
Há ainda a opção de investir por meio de ETFs listados na bolsa de valores brasileiras e que replicam índices do mercado americano, como é o caso do IVVB11 (que acompanha o S&P 500) e o NASD11 (que acompanha o índice Nasdaq).
O fato é que existe apenas um consenso entre os especialistas no mercado financeiro: diversifique os seus investimentos em ativos internacionais!
Seja por meio de BDR ou investir no exterior, o importante é que parte de uma carteira diversificada tenha ativos em moeda forte.
Para ilustrar, separamos um gráfico que ilustra a correlação entre o S&P (bolsa americana) e o Ibovespa (bolsa brasileira). Observe que, quando um sobe, o outro tende a descer.
Isso confirma ainda mais a importância de diversificar os seus investimentos para uma estratégia vencedora no longo prazo. Portanto, comece o quanto antes a prática de investir internacionalmente!
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