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Investir em dólar: como funciona e quais opções de investimento?

Já passou pela sua cabeça a ideia de comprar dólares para guardar e revendê-los no futuro? Ou ainda, você já pensou na possibilidade de investir em ações da Coca-Cola ou da Disney diretamente na famosa bolsa de Nova Iorque? Sim? Então, bem-vindo ao clube. Esse tipo de pensamento é muito, mas muito comum. Afinal, quem não gostaria de receber uma renda extra em dólar, não é mesmo? 

Antes, porém, de sair por aí correndo para a casa de câmbio para trocar seus reais, ou abrir sua conta internacional para comprar sua participação na empresa do Mickey, é preciso que você faça alguns questionamentos importantes, como: “essa é mesmo uma boa ideia?”, “será que essas são mesmo as melhores opções para obter retorno em dólar?”, “vale mesmo a pena investir fora do Brasil?

Ficou na dúvida? Não tem problema, pois este artigo foi criado especialmente para responder esses questionamentos que povoam a mente de tanta gente. Ao longo dele, explicaremos didaticamente quais as diferentes opções de investimento em dólar, quais os riscos e vantagens desse tipo de aplicação, os motivos para investir na moeda mais importante do mundo e muito mais. 

Por que investir em dólar?

Você não precisa morar nos Estados Unidos, nem ter isso em seus planos, para considerar os benefícios de expor parte da sua carteira ao dólar.

Independentemente do seu perfil ou planejamento financeiro, diversificar geograficamente os investimentos na moeda considerada o padrão monetário internacional pode ser uma estratégia interessante. Isso vale tanto se você estiver pensando em retornos de longo prazo com especulação cambial, quanto para proteger seu patrimônio das incertezas econômicas e oscilações do mercado brasileiro.

Além disso, é válido mencionar que o mercado norte-americano (seja de renda fixa ou variável) é imensamente maior do que o brasileiro. Isso implica em uma maior gama de oportunidades, desde setores pouco desenvolvidos por aqui até acesso a um volume maior de negociações no mercado secundário.

Portanto, quem investe em dólar tem maiores chances de encontrar bons produtos, como bonds (ativos de renda fixa estrangeiros, incluindo títulos de dívida do Tesouro Americano) ou ações de empresas robustas (de marcas tradicionais dos EUA como o McDonald’s à gigantes da tecnologia como a Apple, até multinacionais como a Toyota). Além disso, enfrenta problemas muito menores para repassar seus papéis, caso precise antecipar os resgates.

Em resumo, ao investir em dólar, você passa a:

  • Ter rendimentos em uma moeda mais valiosa e consistente;
  • Proteger seu capital do “Risco Brasil”;
  • Ter acesso a um mercado diversas vezes maior e mais líquido que o doméstico; 
  • Diversificar sua carteira geograficamente.

Quais são os tipos de investimentos em dólar?

Quem nunca pensou na possibilidade de correr para a casa de câmbio para trocar seus reais e esperar pela valorização da moeda norte-americana para lucrar com a diferença cambial? 

O que muita gente ignora, contudo, é que essa não é a única forma de investir em dólar — tampouco a mais segura ou mais rentável. Se esse for o seu caso, não se preocupe. Nunca é tarde para conhecer novos caminhos.

Na sequência, além da negociação de dinheiro em espécie, listamos também outras formas comuns de se investir em dólar. Já adiantamos, contudo, que cada uma dessas opções conta com suas particularidades, riscos e vantagens. Escolher a melhor opção entre elas, dependerá exclusivamente das sua própria realidade, metas e perfil.

Disclaimer feito, vamos para o que importa: os diferentes tipos de investimentos em dólar. São eles: 

  1. Dólar em espécie

Comprar e vender dólar em espécie pode parecer, à primeira vista, uma forma bastante simples para multiplicar seus reais. Mas será que isso é mesmo tão prático e seguro assim?

Indo direto ao ponto: a resposta é não.

De modo geral, essa está longe de ser a escolha mais indicada de aplicação em dólar. Na verdade, comprar dólares em espécie só é recomendado caso você esteja planejando uma viagem de turismo para os Estados Unidos, nos próximos meses. Por quê?

Primeiramente, armazenar dólar em espécie envolve riscos banais como perda e roubo. Além disso, algo que pouca gente considera é que as taxas de compra da moeda física são sempre maiores

Isso ocorre porque as cotações que vemos no noticiário se referem ao dólar comercial, ou seja, o dólar que é utilizado em transações financeiras entre empresas e países globalmente. Já a moeda em espécie que você pode adquirir na casa de câmbio e instituições financeiras é o dólar turismo

O dólar turismo é comumente de 20 a 30 centavos mais caro que o comercial. Isso se dá pelo volume de negociações de cada um, já que o valor das transações realizadas por pessoas físicas são significativamente inferiores às de empresas e governos. Vale citar ainda, que o valor de compra de uma moeda — independentemente de qual — é sempre mais alto do que o preço de venda.

Isso não quer dizer, contudo, que não seja possível lucrar comprando dólares e esperando sua valorização. Porém, o oposto também pode ocorrer: o real se valorizar, causando perdas no investimento em dólar. Para ilustrar essas possibilidades, basta observar a variação do preço do dólar ao longo dos últimos quatro anos. Olha só:

  • 24 de dezembro de 2020: R$5,18;
  • 24 de dezembro de 2021: R$5,65;
  • 23 de dezembro de 2022: R$5,14;
  • 22 de dezembro de 2023: R$4,87.

Como pode ser observado, o dólar valorizou em 9% entre 2020 e 2021. No entanto, já em dezembro de 2022, a moeda norte-americana recuou para níveis inferiores aos de 2020. 

As moedas, como você pôde observar no recorte acima, são alguns dos ativos mais voláteis do mercado. O câmbio pode ser afetado por diferentes valores macroeconômicos, como taxas de juros, crises internas e externas, inflação, balança comercial, e assim por diante. A combinação desses fatores torna as previsões bastante complicadas, fazendo da especulação em moeda estrangeira algo bastante arriscado.

  1. Conta internacional

Investir em títulos negociados no mercado norte-americano está cada vez mais fácil.  Para quem deseja aplicar desde o Brasil, existem duas opções principais: 

  • abrir uma conta com uma corretora no exterior; 
  • buscar uma instituição financeira brasileira que permita a abertura de contas internacionais para acessar investimentos no exterior.

Aqueles que optam por investir diretamente nos EUA precisam encontrar uma corretora que permita a abertura de contas para investidores estrangeiros. No entanto, lidar com a burocracia pode ser complexo, envolvendo requisitos como CPF, declaração de Imposto de Renda, comprovante de fonte de renda, cópia do passaporte, atestado de não residência nos Estados Unidos, entre outros. 

Além disso, é necessário realizar a remessa de valores e arcar com as taxas de conversão, já que as operações são realizadas em dólar. Outro desafio pode ser o desconhecimento das regras tributárias dos EUA e do funcionamento do mercado local, o que pode levar a decisões equivocadas por parte do investidor.

Para aqueles que desejam evitar essa burocracia, existe a possibilidade de abrir uma conta internacional com uma corretora brasileira que permita esse tipo de investimento. Além da vantagem da comunicação em português, essa escolha dispensa o enfrentamento das diferenças de legislação.

Geralmente, as corretoras exigem um patrimônio líquido mínimo dos investidores. Além disso, é preciso observar os investimentos mínimos. Títulos de renda fixa no exterior, por exemplo, giram em torno de US$5 mil.

É importante lembrar, ainda, que as remessas ao exterior são realizadas em dólar, o que pode reduzir o valor do investimento devido às taxas de conversão.

  1. Fundos cambiais

Considerados uma das formas mais simples de investir em dólar, os fundos cambiais são uma das melhores opções de aplicação para investidores que desejam se expor à moeda estrangeira, mas não se sentem seguros para fazê-lo por conta própria ou não têm tempo para acompanhar as cotações e interpretar as previsões de mercado.

Ao adquirir cotas de um fundo cambial, o investidor transfere toda essa responsabilidade ao gestor, um profissional do mercado encarregado exclusivamente de administrar e aplicar o patrimônio conjunto do fundo em questão.

É importante ressaltar que, para ser considerado um fundo cambial, ao menos 80% da carteira de investimentos compartilhada precisa ser composta por moedas estrangeiras.

O mais comum é que o patrimônio seja aplicado em moedas fortes e conhecidas, como o dólar e o euro, embora isso não seja um requisito definitivo. Tudo dependerá das escolhas do gestor, que está livre para adotar as estratégias que julgar necessárias, desde que estejam em conformidade com as políticas internas do fundo.

Ao final, os retornos obtidos com as negociações de compra e venda de moeda estrangeira são distribuídos proporcionalmente entre os cotistas do fundo, de acordo com os valores aportados por cada um deles — ou seja, pelo número de cotas adquiridas. Prático, não é mesmo?

No entanto, antes de tomar a decisão de tornar-se um cotista, é preciso considerar também as desvantagens e riscos desse tipo de aplicação. Primeiramente, lembre-se que ao aplicar em um fundo você está trocando sua autonomia pela praticidade. Isto é, seu dinheiro será administrado e aplicado por um terceiro, da forma que ele melhor entender. Seu retorno, do mesmo modo, dependerá exclusivamente das estratégias adotadas por ele.

Desse modo, se você é um investidor que pretende ter controle total sobre seus recursos, essa não é a melhor escolha. Se isso não for um problema, não esqueça, porém, de estudar com cuidado o fundo cambial em que pretende investir.

Observe, entre outras coisas, o histórico do condomínio, a composição de carteira, a reputação do gestor, o investimento mínimo, sem esquecer das taxas de administração — as quais podem impactar significativamente nos seus retornos.

  1. ETFs

Outra maneira bastante prática de acessar o mercado estrangeiro de forma indireta, os ETFs — sigla para o termo em inglês “Exchange Traded-Funds” — são fundos de investimento que replicam o desempenho de índices de mercado.

Com um funcionamento semelhante ao dos fundos cambiais, aqui, contudo, o retorno não é determinado estritamente por questões cambiais, mas pelas variações de desempenho do indicador de referência em questão.

Na bolsa de valores brasileira, é possível encontrar ETFs que acompanham alguns dos indicadores estrangeiros mais conhecidos, tais como:

S&P500

Abreviatura para “Standard & Poor’s 500“, esse indicador representada a performance média das 500 maiores companhias de capital aberto dos Estados Unidos.

Dow Jones

Abreviação de Dow Jones Industrial Average, o Dow Jones é o índice que mede o desempenho médio das 30 blue chips  norte-americanas mais negociadas — ou seja, as maiores e mais tradicionais empresas listadas nas bolsas dos Estados Unidos.

MSCI

Sigla para Morgan Stanley Capital International, os “MSCI” são índices relacionados a outras economias para além dos Estados Unidos, refletindo o desempenho de mercados como o da Europa, Ásia e de países emergentes. Entre os MSCI mais conhecidos estão:

  • MSCI World: representa a capitalização das bolsas de valores de 20 países economicamente desenvolvidos, como Alemanha, Austrália, Canadá, Dinamarca, França, Itália, Japão, Reino Unido, Suíça, entre outros. É formado por 1.600 empresas que representam, juntas, uma amostras dos principais segmentos da economia mundial;
  • MSCI Europe: reflete a performance das quinze principais economias da União Europeia;
  • MSCI Emerging Market: mensura o desempenho médio de 846 companhias listadas em bolsas de 24 países emergentes, como, por exemplo, a China, México, Turquia e a África do Sul;
  • MSCI Brazil: segue a performance de 56 médias e grandes empresas brasileiras.

Importante salientar que, diferentemente dos fundos cambiais e outras formas de investimento em moeda, o retorno dos ETFs não é influenciado somente pela flutuação da cotação. 

Dado que funcionam como carteiras teóricas de ações, esses fundos também são impactados por fatores políticos, pelo desempenho econômico de um determinado país ou região, entre outros fatores. Assim, quem investe em ETFs deve estar ciente de que a performance do fundo pode não acompanhar tão precisamente as movimentações do dólar.

  1. BDRs

Uma das maneiras mais práticas de dolarizar a carteira, os Brazilian Depositary Receipts, ou simplesmente “BDRs“, oferecem ao investidor brasileiro a possibilidade de investir em empresas estrangeiras sem necessariamente ter que abrir uma conta internacional.

Tratam-se de títulos representativos de companhias listadas em bolsas internacionais, negociados na B3. Isso significa que os BDRs não são ações propriamente ditas, mas recibos lastreados em ações que permanecem no exterior, custodiadas por uma instituição financeira de lá.

Atualmente, existem mais de 800 BDRs para negociação na bolsa de valores brasileira, incluindo desde marcas tradicionais até empresas de países emergentes que atuam em setores em desenvolvimento.

Embora sejam comprados em reais, os BDRs estão atrelados ao dólar. Portanto, além da possibilidade de lucrar com a valorização das ações nos mercados em que estão originalmente listadas, o investidor tem a oportunidade de potencializar seus retornos em caso de valorização da moeda estadunidense.

Contudo, os riscos associados aos BDRs são bastante semelhantes aos de se investir em ações nacionais. Resumidamente, o investidor estará exposto aos riscos da companhia em questão.

  1. Ações

As ações são uma das formas mais populares de exposição ao dólar. Esse tipo de investimento oferece diferentes oportunidades para o investidor brasileiro que pretende dolarizar parte de seu portfólio:

BDRs

A primeira opção são os Brazilian Depositary Receipts (BDRs), como explicado anteriormente, são recibos lastreados em ações no exterior e negociados por meio da B3.

Investimento direto

Também é possível investir em ações estrangeiras adquirindo títulos de empresas negociadas nas bolsas de valores em que estão listadas, como as renomadas NYSE e Nasdaq. No entanto, para isso, o investidor precisa abrir uma conta internacional e estar ciente das regulações e questões fiscais do mercado norte-americano. 

Além disso, é importante estar atento aos custos adicionais, como taxas de corretagem e os custos de remessa ao exterior, os quais são cobrados em dólar e podem impactar tanto nos rendimentos quanto nos valores disponíveis para aplicação.

Empresas nacionais dolarizadas

Por fim, há a opção de adquirir ações de companhias nacionais exportadoras, uma vez que uma parte significativa das receitas dessas empresas está atrelada a negociações em dólar.

Independentemente da opção escolhida, o investidor deve considerar que ao investir em ações, além de expor seus recursos à variação cambial, estará sujeito aos riscos específicos da empresa em questão.

  1. Mercado futuro de dólar

Considerado uma das formas mais arriscadas de investir em dólar, o mercado futuro funciona por meio de acordos de compra ou venda de uma determinada moeda por seu valor presente em uma data futura definida.

Geralmente, esse tipo de contrato é utilizado por empresas exportadoras ou importadoras com a intenção de garantir a cotação atual do dólar para compromissos futuros em moeda estrangeira. 

No entanto, o mercado futuro também é utilizado como ferramenta de especulação por investidores que buscam lucrar com as flutuações de preço da moeda. É importante mencionar, porém, que essa aplicação é indicada apenas para investidores experientes, pois previsões cambiais são complexas e envolvem riscos elevados.

Como os pagamentos são realizados em uma data futura, esse tipo de investimento também permite o uso da alavancagem, uma estratégia ousada — e muito arriscada — na qual o investidor opera com valores superiores àqueles que possui em conta.

Vale citar ainda que esse tipo de papel é regulado pela B3 e negociado exclusivamente na bolsa de valores. Para que sejam listados, os contratos precisam ser padronizados, garantindo que sejam iguais em valores, tamanho de lote e vencimento.

No contexto específico do mercado futuro de dólar, existem dois tipos de títulos negociados na bolsa:

  • Dólar Cheio (DOL): o contrato futuro do dólar cheio custa US$50 mil e o lote mínimo é de 5 contratos;
  • Minidólar (WDO): sua cotação é de US$10 mil e o lote padrão é igual a 1 contrato.

7. Bonds

Para o investidor que considera a possibilidade de obter retornos em dólar, mas não possui segurança o suficiente para se expor às flutuações da renda variável internacional, existe a opção de investir em bonds, ou seja, os títulos de renda fixa negociados no exterior. 

De modo geral, o funcionamento desses papéis pode ser relacionado ao das debêntures e títulos do Tesouro Direto conhecidos pelo investidor brasileiro. Tratam-se de recibos de dívida emitidos por governos ou empresas privadas que recorrem ao mercado de capitais para levantar fundos para projetos específicos, assumindo a “obrigação” de reaver os valores levantados.

Assim, quem adquire esses ativos está, na prática, emprestando dinheiro ao emissor em troca de uma determinada taxa de juros como pagamento pelo empréstimo.

Por serem títulos de renda fixa, os bonds são caracterizados por sua previsibilidade. As datas de vencimento, os retornos e as regras de rentabilidade desses papéis são conhecidos antes da aplicação, permitindo que o investidor saiba, ou ao menos tenha uma estimativa mais precisa, dos lucros que pode esperar.

Vale mencionar que, devido à solidez do mercado e da economia norte-americana, os bonds são considerados ainda mais seguros do que os investimentos de renda fixa encontrados no mercado doméstico. Os treasury bonds — títulos públicos emitidos pelo Tesouro dos EUA —, por exemplo, são frequentemente considerados os papéis mais seguros do mundo, já que a chance de inadimplência por parte do Governo dos Estados Unidos é praticamente nula.

Qual é o momento certo para investir em dólar?

Dito em todas as letras: o melhor momento para investir em dólar é hoje. O segundo melhor é amanhã.

Mas calma! Isso não significa que você precisa correr para assegurar seu lugar em um bonde que está partindo. O que queremos dizer é que não há um dia específico ideal para começar a dolarizar sua carteira de investimento. Independentemente das condições do mercado daqui ou de lá, diversificar seus rendimentos geograficamente é sempre uma estratégia interessante.

Primeiramente, ao aportar parte de seus recursos no exterior, o investidor está protegendo seus rendimentos das instabilidades econômicas do Brasil. Mesmo em períodos de alta, a taxa de juros norte-americana tende a se manter abaixo da brasileira, o que significa que, historicamente, o real perde poder de compra de modo muito mais rápido que o dólar.

Para além da proteção, investir em dólar também costuma trazer retornos generosos. Desde 2000 para cá, por exemplo, os lucros de quem investiu em dólar triplicaram, considerando a valorização de 150% da moeda norte-americana no período.

Qual é o melhor banco para investir em dólar?

Abrir uma conta em um banco com atuação global não é apenas uma boa ideia para quem está planejando uma viagem de turismo ao exterior, mas também oferece vantagens significativas para o investidor brasileiro que pretende aplicar em dólar ou ter acesso a mercados internacionais diversos.

Mais que facilitar remessas e oportunizar a troca de valores entre diferentes contas internacionais de maneira gratuita ou com taxas reduzidas, esses bancos também permitem a compra de dólar — e outras moedas — no valor comercial.

Aqueles que investem por meio das contas digitais desses bancos também desfrutam de benefícios fiscais. Enquanto os cartões de crédito convencionais aplicam uma taxa de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 6,38% em cada compra, esse tipo de banco reduz essa taxa para 1,1% no depósito e 0,38% nos resgates.

Ademais, contas globais proporcionam maior flexibilidade na gestão do patrimônio, permitindo que o investidor faça alocações específicas em diferentes moedas, reduzindo os riscos cambiais e protegendo as aplicações contra flutuações adversas de uma única moeda.

Caso você ainda não tenha uma instituição de preferência, não faltam opções a considerar. A seguir, listamos os bancos globais mais reconhecidos do mercado e suas particularidades, para ajudar você a encontrar aquele que melhor atenda às suas necessidades:

  1. Wise

Criado em 2011, o belga Wise — antigamente TransferWise — se converteu rapidamente em um dos bancos globais mais populares do mundo. Além de oferecer pequenas vantagens para turistas como a possibilidade de retirada de até €200,00 de maneira gratuita e a oferta de um conta de débito para saques e compras em mais de 160 países, o banco se destaca, sobretudo, por sua abrangência. 

Sua conta multimoeda permite o envio e o recebimento de valores para mais de 70 países e, o mais importante: a compra, armazenamento e conversão de 40 moedas diferentes com a taxa de câmbio comercial. Apesar de facilitar a gestão patrimonial e a diversificação cambial, ao contrário de outros bancos, a instituição não conta com plataforma de investimento.

A abertura da conta é gratuita e bastante prática, podendo ser solicitada tanto pelo site, quanto pelo aplicativo. A única exigência é a comprovação de endereço para o envio do cartão físico.

  1. Banco Inter

Lançado em 1994, o Banco Inter é o primeiro banco 100% digital do Brasil. Entre as principais vantagens para quem lida diretamente com o dólar, está a possibilidade de realizar saques diários gratuitos de até US$500,00 em mais de 55 mil caixas eletrônicos nos Estados Unidos. 

Para o investidor residente no Brasil, o banco oferece suporte para a guarda de dólares americanos, conversão e resgate entre diferentes contas Inter (em BRL e USD), além de uma plataforma de investimento internacional.

Assim como o Wise, o Banco Inter também não cobra pela abertura da conta internacional e não possui custos de manutenção. No entanto, o serviço é restrito aos clientes do banco. É importante mencionar que os serviços de conversão e resgate estão limitados à moeda norte-americana.

  1. BB Americas Bank

Criado em 2012, o BB Americas Banks é uma instituição pertencente ao Banco do Brasil, destinada a brasileiros que residem ou pretendem investir nos Estados Unidos.

Sua conta internacional, a Conta Easy, possibilita a transferência gratuita em dólar de contas correntes de pessoas físicas no Banco do Brasil para a conta digital do BB Americas.

Além disso, o cliente que abre a Conta Easy tem direito a saques diários de até US$500,00 e um limite de compras de US$1.500,00.

O cadastro pode ser realizado tanto pelo site do BB Americas quanto pelo aplicativo do Banco do Brasil. No entanto, para a abertura da conta, é exigido um depósito mínimo de US$100,00.

  1. BS2 GO

Diferentemente de um banco global convencional, o BS2 GO é um aplicativo que possibilita a abertura de conta internacional sem a necessidade de possuir uma conta corrente.

Com download e cadastro gratuitos e sem tarifas de mensalidade, o aplicativo foi desenvolvido exclusivamente para simplificar a conversão instantânea entre uma carteira digital em real e uma carteira digital em dólar.

Além disso, a instituição oferece um cartão de débito em dólar para compras e saques no exterior. Entretanto, para solicitar esse serviço, é necessário ter um saldo mínimo de US$30,00 na conta.

  1. Nomad

A Nomad é a primeira fintech brasileira a oferecer a abertura de contas correntes em dólar para brasileiros não residentes nos EUA. No total, ela permite que seus clientes realizem operações de câmbio, transferências, compras e saques na moeda norte-americana em mais de 180 países, com cotação de câmbio comercial.

Particularmente especial para quem pretende aplicar em dólar, a Nomad conta com uma plataforma de investimento que possibilita investimentos em produtos financeiros internacionais no Brasil ou diretamente nas bolsas de valores dos Estados Unidos. Entre as aplicações possíveis estão:

  • Ações: stocks e American Depositary Receipts (ADRs);
  • ETFs: Exchange Traded Funds — fundos de investimentos que replicam índices de mercado; 
  • REITs: os “Real Estate Investment Trusts” são produtos semelhantes aos fundos de investimento imobiliário negociados na B3.

A abertura da conta é gratuita, sem taxas de manutenção e anuidade. Para se inscrever basta fazer o download do aplicativo da Nomad. As remessas de câmbio tem o valor mínimo de R$500,00, enquanto as opções de investimento partem de apenas US$1,00.

  1. Avenue

A Avenue funciona como uma plataforma financeira que oferece serviços no Brasil e nos Estados Unidos. Nos EUA, a Avenue Securities LCC atua como uma corretora de valores mobiliários com atuação exclusiva no país, por aqui, em parceria com o Itaú, a companhia trabalha com a intermediação de investimento nas bolsas norte-americana, além de disponibilizar a abertura de conta internacional, que possibilita saques e compras em 150 países.

Facilitando as operações de câmbio, a conta de investimentos da Avenue é atrelada a conta corrente em dólar. Por meio dela, o investidor pode aplicar em ativos de sua preferência nos EUA — títulos de renda fixa, cotas de fundos, ações e criptomoedas — ou ainda ter acesso a carteiras administradas, montadas — e rebalanceadas a cada três meses — de forma personalizada, segundo seu perfil e metas.

Diferentemente da Nomad, que não cobra taxas para negociações nas Bolsas de Valores americanas, a Avenue só oferece três ordens mensais gratuitas. As taxas para as operações que ultrapassem esse limite funcionam da seguinte forma:

  • Cobrança de US$2,50 para ordens de até US$1.000,00;
  • Cobrança de US$5,00 para ordens entre US$1.000,00 e US$2.000,00;
  • Cobrança de US$7,50 para ordens acima de US$2.000,00.

Além disso, a Avenue também exige uma transferência mínima de R$200,00 para a abertura de contas de investimento nos EUA. Já a abertura da conta bancária é gratuita, mas em contas inativas por mais de 3 meses, a instituição cobra uma taxa de manutenção mensal de US$0,50.

  1. C6 Bank

Pioneiro a utilizar o termo “conta global”, o banco brasileiro C6 Bank oferece duas diferentes possibilidades de contas em dólar e euro para seus clientes, uma para transações financeiras e câmbio e outra especificamente direcionada para investimentos nos Estados Unidos: respectivamente, a C6 Conta Global e a C6 Bank Investment. Na sequência, explicamos cada uma delas em detalhes:

C6 Conta Global

A C6 Conta Global é uma conta que possibilita a manutenção de saldos multimoedas. Quem abre a conta C6 Conta Global tem acesso a compras, saques e operações de câmbio comercial em transferências instantâneas entre real e dólar ou real e euro. 

Além disso, o saldo da conta corrente pode ser utilizado para pagamentos e saques no exterior por meio de um cartão de débito internacional que é enviado ao cliente no momento de abertura da conta. 

A abertura da conta é feita mediante o pagamento de uma taxa de inscrição de US$10,00 tanto para a conta em euro, quanto para a conta em dólar. Já as transferências mínimas para câmbio são de US$20,00.

C6 Bank Investment

Por meio da conta C6 Bank Investment, o investidor tem acesso a diferentes opções de ativos globais negociados no mercado norte-americano. Entre eles estão:

  • Treasury e corporate bonds;
  • Ações;
  • Mutual funds and hedge funds;
  • ADRs, ETFs, REITS das duas maiores bolsas de valores, a Nasdaq e a NYSE.

Todas as operações e resgates são realizadas pelo aplicativo. Para começar a investir, basta realizar um depósito para a conta C6 Bank Invest, por meio da conta padrão C6 Bank

As taxas de manutenção são gratuitas para aplicações de até US$10.000,00. Acima disso, é cobrado um valor de 0,6% ao ano, além de uma taxa de anuidade de US$10,00 ao mês.

  1. Revolut

Fintech com sede em Londres, a Revolut é uma das plataformas de serviços bancários globais mais populares globalmente, com mais de 65 milhões de usuários em todo o mundo. Não é para menos. Além de oferecer uma plataforma de investimento internacional para negociação de ações e criptomoedas sem cobrança de comissões, também conta com uma abrangência monetária notável, inferior apenas ao Wise, neste quesito.

Suas contas permitem compras, saques e transferências em 27 moedas em câmbio comercial. Além disso, seu cartão de débito é aceito em 150 países.

A Revolut oferece a opção de uma conta padrão gratuita, mas também disponibiliza planos mais completos que podem variar de €2,99 a €45 por mês, a depender dos recursos exclusivos agregados.

Quais são os riscos de investir em dólar?

Como já pontuamos anteriormente não faltam meios, opções e motivos para que você considere fazer aplicações nos Estados Unidos. Quando se trata de seu dinheiro, contudo, uma dose de precaução não faz mal a ninguém. 

Antes de deixar-se seduzir pela ideia sempre tentadora de obter retornos em dólares, é preciso considerar também os riscos que esse tipo de aplicação envolve. 

Se você não sabe de que riscos estamos falando, fique tranquilo. Assim como já enumeramos o lado positivo de investir em dólar, também apresentaremos o lado negativo dessas operações. 

Caberá apenas a você, contudo, a tarefa de pesar as informações e decidir se essa é ou não uma opção de investimento adequada para seu perfil, estratégias e metas pessoais.

Dito isso, as principais riscos de investir em dólar são:

Risco Cambial

Não há como negar. A primeira preocupação que vem à mente quando se fala em investimentos no exterior é o risco cambial, ou seja, a possibilidade de perder dinheiro ao comprar uma moeda estrangeira e ver seu preço cair.

Isso não é para menos. Afinal, como mencionamos, o mercado cambial é um dos mais voláteis. As moedas são sensíveis a uma combinação de eventos econômicos, políticos e monetários diversos, o que torna a identificação de tendências ou previsões bastante limitada e incerta.

Assim, mesmo que o dólar costume ter um desempenho melhor que o real, nada pode garantir que o oposto também não possa ocorrer. Não é necessário ir muito longe no tempo para ter um exemplo concreto disso, já que em 2023, a moeda norte-americana acumulou uma queda de 8,08% em relação ao câmbio com a moeda brasileira.

Por fim, vale mencionar que a desvalorização ou valorização do dólar lá fora pode não ser acompanhada da mesma forma aqui. Em outras palavras, mesmo em um cenário onde o dólar esteja valorizado globalmente, é possível que ele esteja desvalorizado em comparação com o real, e vice-versa.

Instabilidade econômica dos EUA

Apesar do histórico reconhecimento da economia norte-americana como uma das mais sólidas do planeta, o país não está imune à instabilidade econômica. Fatores internos, como decisões políticas, inflação e variações nas taxas de juros, podem ter impactos diretos nos retornos dos investidores que aplicam em dólar.

O risco associado à inflação, por exemplo, tem o potencial de afetar o poder de compra do dólar, reduzindo gradualmente o valor real da moeda ao longo do tempo. É relevante destacar que recentemente, em 2022, os Estados Unidos registraram uma inflação acumulada de 9,1%, atingindo o patamar mais alto em 40 anos.

Da mesma forma, o risco relacionado às taxas de juros também pode influenciar os investimentos em dólar. Aumentos tendem a fortalecer a moeda, enquanto reduções têm o efeito oposto, enfraquecendo-a.

Riscos sistemáticos e geopolíticos

Além de ser sensível a instabilidades e decisões políticas internas, o preço do dólar — assim como o de qualquer outra moeda — pode ser afetado por situações que ultrapassam as fronteiras dos EUA

Estes eventos incluem tensões geopolíticas e comerciais, conflitos internacionais, relações diplomáticas e até mesmo situações sistêmicas, como crises sanitárias e desastres naturais.

Riscos específicos

Por fim, mas não menos importante, é necessário ressaltar que, além dos riscos gerais de investir em dólar, existem riscos específicos inerentes a cada modelo de aplicação.

Por exemplo, aqueles que investem em ações no exterior estão expostos não apenas ao risco cambial, mas também aos riscos específicos da empresa emissora e, por vezes, do setor em que ela atua. Os corporate bonds, por sua vez, estão sujeitos ao risco de crédito. Investimentos diretos no exterior podem ser impactados pelas taxas de remessa internacional e de corretagem cobradas em dólar, bem como por questões fiscais e tributárias dos EUA. Já as cotas de fundos podem apresentar riscos de liquidez e de mercado, entre outros. E assim por diante.

Vale ressaltar que esses são apenas alguns exemplos dos diferentes tipos de riscos que cada modalidade de investimento em dólar pode envolver. Cada produto conta com suas próprias vantagens e desvantagens. Assim, antes de realizar aplicações no exterior, é fundamental que o investidor analise cuidadosamente essas particularidades, sem se deixar influenciar exclusivamente pelo fator cambial.

7 dicas sobre como investir em dólar

Se após conhecer as diferentes maneiras de investir em dólar e pesar seus riscos e benefícios, você ainda segue firme com a ideia de começar seu caminho como investidor internacional, separamos 7 dicas básicas para te ajudar a começar essa jornada com o pé direito. Olha só:

  1. Descubra se o investimento em dólar é adequado para você

Uma máxima do mercado financeiro ignorada por muitos investidores inexperientes é de que o título com maior retorno não é necessariamente o melhor investimento possível. A aplicação mais vantajosa é, na verdade, aquela que melhor se alinha com o seu perfil e suas metas pessoais. Logo, apesar do dólar valer consideravelmente mais que o real, isso não significa que investir na moeda norte-americana é uma boa ideia para todos

Antes de investir em dólar — e mesmo de avançar para as demais dicas que preparamos —, é preciso descobrir se essas aplicações são mesmo adequadas para você. Como? Deixa, que te explicamos.

Primeiramente, evite dar um passo maior que a perna. Investir no exterior só é  recomendado para quem já tem alguma experiência investindo no mercado doméstico. Afinal, é mais fácil compreender o mercado financeiro e os produtos de lá fazendo associações com os que temos por aqui. 

Segundo, como já pontuamos mais de uma vez ao longo deste artigo, o risco cambial é um dos mais complicados de prever ou de estabelecer tendências. Logo, fica evidente que para investir em dólar é preciso que o investidor esteja disposto a assumir alguns riscos

O indicado, portanto, é que você tenha ciência de qual a sua tolerância ao risco. Caso você ainda não saiba bem como mensurar isso, solicite aconselhamento com um profissional do mercado financeiro de sua confiança e faça — ou atualize — o teste de suitability, para poder identificar com mais clareza se o mercado internacional é uma boa escolha, ou ainda, que produtos financeiros estrangeiros se encaixam com seu perfil de investidor.

  1. Elabore seu planejamento financeiro

Da mesma forma como existem opções de investimento em dólar com diferentes graus de risco, as especificidades de cada ativo em específico também podem torná-los mais ou menos ajustados aos seus objetivos financeiros pessoais. 

Antes de mais nada, identifique quais são os objetivos que você pretende alcançar ao investir em dólar. Se sua ideia é juntar dinheiro para uma viagem internacional no fim do ano, comprar dólares em espécie em um momento de queda pode ser uma boa ideia. Caso o que você queira é juntar dinheiro para abrir um negócio ou obter uma fonte de renda passiva, essa já não é a opção mais inteligente.

Definidas suas metas, é preciso então posicioná-las em um horizonte temporal. Ao cruzar informações cruciais como o prazo (curto, médio e longo), risco e objetivos ficará mais fácil filtrar as melhores opções de aplicação entre as múltiplas oportunidades disponíveis em um mercado tão abrangente como o dos Estados Unidos.

Aqui vale uma dica extra: para que você consiga alcançar seus objetivos dentro dos prazos estipulados, o ideal é dedicar um tempo para elaborar um planejamento financeiro que facilite o acompanhamento do seu progresso e dos recursos que você precisa aportar. Ao fazer isso, lembre-se de ser realista. Coloque na ponta do lápis, suas entradas mensais e gastos e o que sobra para ser investido.

  1. Tenha uma reserva de emergência

Dica básica até para quem está começando a aplicar no mercado doméstico, a formação de uma reserva de emergência é ainda mais crucial para aqueles que pretendem investir em dólar.

Isso porque além dos riscos específicos do investimento final — uma ação ou cota de fundo norte-americano, por exemplo — ao investir em dólar há ainda o acréscimo do risco cambial.

Assim, independentemente do prazo estipulado para atingir suas metas, ao  investir no exterior, você deve estar preparado para manter suas posições por mais algum tempo, de modo a encontrar os momentos mais oportunos para efetuar o resgate — ou seja, quando o dólar e o ativo final estiverem em uma situação favorável. 

Do contrário, você corre o risco de que uma situação inesperada lhe force a precipitação de adiantar seus resgates em um momento pouco propício. Para evitar prejuízos, antes de investir em dólar, consolide uma reserva capaz de cobrir ao menos três meses de todos os seus gastos fixos.

  1. Diversifique sua carteira de investimentos

Investir em dólar é uma das estratégias mais interessantes de diversificação existentes. Isso porque além do mercado norte-americano ser muito maior e, consequentemente, oferecer uma gama mais abrangente de produtos, diversificar a carteira geograficamente também protege o investidor de instabilidades econômicas nacionais.

Para potencializar ainda mais essa estratégia, uma boa ideia é buscar ativos que não estão disponíveis no mercado doméstico ou que tenham uma baixa correlação com os títulos já existentes na carteira do investidor.

Sempre respeitando sua tolerância a risco, busque explorar produtos financeiros diversos, como fundos cambiais, bonds, ações, ETFs e assim por diante. Se possível, considere ainda não restringir suas aplicações no exterior apenas ao dólar. Em suma, quanto mais abrangente você for, melhor.

  1. Analise taxas e custos

Os retornos de quem investe em dólar podem ser significativamente impactados por taxas e custos associados às remessas de valores, compra e venda de moeda, transferências internacionais, conversões monetárias, entre outros procedimentos.

Esses valores variam dependendo do método e do produto financeiro em questão, mas devem ser sempre observados com atenção, pois têm o potencial não só de corroer os lucros como também de reduzir o montante disponível para investimento.

  1. Acompanhe o mercado cambial

De modo geral, ao investir em dólar, boa parte de seus retornos será influenciada pelas flutuações cambiais. É por isso que, para não perder dinheiro, é preciso que você tenha tempo e vontade o suficiente para acompanhar o noticiário sobre a evolução do câmbio e as tendências do mercado cambial.

Por mais que o preço das moedas seja um dos mais complicados de prever, busque sempre manter-se atualizado sobre condições de mercado e situações que podem impactar o dólar, como eventos geopolíticos, decisões de políticas monetárias dos EUA, dados econômicos, e assim por diante.

  1. Continue aprendendo

Por fim, para alcançar seus objetivos de forma mais ágil e segura, é necessário seguir estudando sobre investimentos e sobre o mercado financeiro dos Estados Unidos

Nesse ponto, não há caminho curto. Afinal, o aprendizado é infinito. Dedique tempo e esforço para dominar o mercado cambial, os diferentes produtos oferecidos no exterior, seus riscos e estratégias.

Mais do que estudar o amplo conteúdo gratuito disponível na internet, como os artigos de nosso blog — esse mesmo que você está lendo agora — e os vídeos que divulgamos em nosso canal no Youtube, considere investir em cursos especializados sobre investimentos no estrangeiro. Se tiver interesse real em dominar esse assunto, recomendamos seguir até o fim deste artigo, pois temos uma dica extra que pode ser do seu agrado.

Tributação dos investimentos em dólar a partir de 2024

Em 13 de dezembro de 2023, o Governo Federal sancionou a Lei nº 14.754/2023 que alterou as regras tributárias sobre rendimentos no exterior para pessoas físicas domiciliadas no Brasil.

Com a nova regulamentação, que passou a valer no 1º janeiro de 2024, os investimentos em dólar deixaram de possuir tributações pontuais por renda auferida — com base em alíquotas progressivas por ganho de capital e rendimentos —, e passaram a contar com um regime tributário segregado e simplificado.

Agora, os rendimentos do capital aplicado no exterior devem ser declarados de forma separada dos demais rendimentos e ganhos, na Declaração de Ajuste Anual (DAA). 

Com a nova regulamentação, todos os valores de rendimentos no exterior serão tributados por uma alíquota fixa de 15%, a ser paga anualmente, sem nenhuma base de dedução.

Estão isentos de IRPF (Imposto de Renda das Pessoas Físicas), a variação cambial de depósitos em conta corrente ou em cartão de crédito ou débito no exterior, desde que não sejam remunerados e sejam mantidos em instituição financeira estrangeira. Da mesma forma, não há tributação para variação cambial de moeda estrangeira em espécie até o limite de US$5 mil no ano. 

Os ganhos com variação cambial de dólar e outras moedas mantidas em alienação e que ultrapassem o limite serão taxados igualmente em 15%.

Como era antes das mudanças

Antes das mudanças tributárias que passaram a valer em janeiro de 2024, a tributação de investimentos em dólar para residentes no Brasil variava conforme o tipo de aplicação realizada, conforme apresentado abaixo:

Renda variável (ações, ETFs, entre outros)

A alíquota de Imposto de Renda sobre ETFs e ações era de 15% sobre o ganho de capital  — diferença entre o valor de compra e o de venda.

Renda fixa (Treasury bonds, corporate bonds, entre outros)

Sobre os investimentos em títulos de renda fixa no exterior também havia  incidência de IR sobre os ganhos de capital, o qual variava entre 15% e 22,5% a depender do lucro obtido.

Além disso, também havia uma taxação separada sobre os rendimentos. A alíquota, neste caso, também variava entre 15% e 22,5% a depender do prazo de manutenção da aplicação, sem faixa de isenção.

Fundos de Investimento no exterior

Fundos de investimento no exterior seguiam a mesma lógica de tributação comum aos demais fundos brasileiros. As alíquotas obedeciam a tabela regressiva de IR, que vai de 22,5% a 15%, a depender do prazo do investimento.

BDRs

Para os Brazilian Depositary Receipts a alíquota de IR era fixa em 15% sobre o ganho de capital, ou de 20% para operações de day trade —  aquelas onde o ativo é comprado e vendido no mesmo dia.

Também havia tributação progressiva sobre os dividendos, com alíquotas que iam de zero até 27,5%, com isenção para rendimentos mensais inferiores a R$1903,98.

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Não tem jeito. Quem tem a intenção de obter uma renda em dólar, precisa ter dedicação para estudar sobre o assunto e entender todas as oportunidades — e armadilhas — que o mercado norte-americano tem a oferecer. 

Se você terminou esse artigo com ainda mais vontade de aprender sobre investimentos no exterior, reservamos algumas indicações para lhe dar aquele empurrãozinho:

  •  “A estratégia para viver de renda em dólar”: na videoaula gratuita disponível em nosso canal no Youtube, o especialista em investimentos globais da Spiti, Felipe Arrais, te ensina de maneira objetiva como investir em ações de empresas estrangeiras que pagam dividendos em dólar;

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Perguntas frequentes sobre investir em dólar

Quanto rende o investimento em dólar?

Com exceção do investimento em moeda em espécie, o rendimento de aplicações em dólar depende de fatores diversos que vão além da variação cambial entre o momento da compra e da venda. Por exemplo, o rendimento de investimentos em Treasury Bonds dependerá das taxas de juros atreladas ao título. Se você investir em ações, o ganho de capital, por sua vez, terá por base o desempenho da companhia em questão, e assim por diante. Portanto, antes de aplicar em dólares, é preciso estudar cada opção de forma individual para encontrar aquele que melhor se alinha com suas metas financeiras pessoais.

Vale a pena comprar dólar em espécie e guardar?

De modo geral, comprar dólar em espécie e guardá-lo esperando a valorização não é uma boa escolha. Além de correr o risco de perder ou ter as notas roubadas, vale lembrar que a compra da moeda física inclui taxas maiores e é feita com base no câmbio turismo, o qual costuma ser de 20 a 30 centavos em média mais caro que o dólar comercial. De modo geral, a compra de moeda em espécie só faz sentido caso você esteja programando uma viagem a turismo para os EUA e queira aproveitar uma queda propícia na variação da moeda norte-americana.

É possível investir em dólar a longo prazo?

Considerado uma boa estratégia de proteção. Isso porque, historicamente, pelo Brasil ainda ser uma economia emergente, o real tende a perder valor em relação ao dólar no longo prazo. Ao investir em dólar no longo prazo, é preciso considerar que assim como qualquer moeda, o dólar também passa por processos inflacionários e perde seu poder de compra. Assim, lembre-se de considerar a corrosão inflacionária ao fazer os seus planejamentos.

É permitido guardar dólar em casa?

Guardar dinheiro em casa, seja em dólar ou em qualquer outra moeda, é uma prática legal, desde que o valor seja devidamente declarado, para que seja tributado e tenha sua origem comprovada.

Posso negociar a taxa de câmbio ao comprar dólares?

Sim, é possível negociar a taxa de câmbio ao comprar dólares, mas é melhor estar preparado para pagar a taxa padrão, uma vez que isso dependerá da aceitação da instituição financeira em questão. Suas chances podem ser maiores a depender de sua relação com a instituição ou com o volume negociado, por exemplo.

TedDuarte
TedDuarte
Economista formado e conteudista da Finclass.
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